2.25.2011

SHANTALA - O toque do Amor



"O que fizemos no nascimento, temos de repetir todos os dias, durante semanas e meses, visto que, por muito tempo, sempre que acorda, o bebé espanta-se com o facto de reencontrar o mundo do avesso: as sensações fortes "dentro" do ventre, do estômago, e "fora" coisa alguma!
É necessário restabelecer o equilíbrio.
E alimentar o "de fora" com o mesmo cuidado que o "de dentro".
Para ajudar os bebés a atravessar o deserto dos primeiros meses de vida, a fim de que eles não sintam mais a angústia de estar isolados, perdidos, é preciso falar com suas costas, é preciso falar com sua pele que tem tanta sede e fome como o seu ventre.

Sim, os bebés têm necessidade de leite.
Mas muito mais de ser amados e receber carinho."   (Frederick Leboyer, in Shantala - uma arte tradicional de massagem para bebés)

O que é a massagem Shantala?
É uma massagem milenar, simples, mas de uma tal profundidade que se torna difícil. Podemos dizer que é uma arte usada na Índia, específica para bebés a partir de um mês de idade. É realizada pelas mães como forma diária de de interacção com o bebé, que, para além dos benifícios directos para a criança, reforça o vínculo afectivo entre ambos.
É antes de mais, um acto de amor.

Frederick Leboyer
Frederick Leboyer foi um famoso obstetra francês, nascido em 1918 e que ficou conhecido pela introdução de novas técnicas de parto, em ambiente sereno, na penumbra, em que o recém nascido era colocado dentro de água morna após o parto (1975).
Aquando da sua estadia na Índia 75/76, Leboyer deparou-se com uma situação na rua que o impressionou profundamente: uma mãe paraplégica, de nome Shantala, massageava o seu bebé de meses numa harmonia e beleza contrastante com todo o ambiente que a rodeava. A cena repetiu-se vários dias e o médico francês, encantado com tamanha demonstração de carinho, pediu à jovem se a podia acompanhar, filmar e fotografar. A jovem permitiu, por achar estranho o interesse por algo tão simples. Foi assim que F. Leboyer escreveu o seu livro Shantala - uma arte tradicional de massagem para bebés, em 1976. 
Uma vez que não havia nome para este tipo de massagem, resolveu introduzi-la no Ocidente com o nome de Shantala, homenageando assim a jovem mãe.

Shantala com o seu bebé


Como se aplica?
Devemos ter presente que a pele é o órgão mais desenvolvido num recém nascido. É a porta de entrada para uma comunicação inicial com o mundo exterior depois de a criança abandonar o ventre materno, e assim sendo, a melhor forma de podermos comunicar com ele é através do toque.

Quanto à massagem, pode ser aplicada na criança  a partir de um mês (embora alguns autores defendam que pode ser desde o nascimento) e de acordo com a idade, podendo ser iniciada em qual quer fase, prolongando-se também até qualquer idade.
A aplicação vai sendo adaptada ao  crescimento da criança, sendo aplicada (preferencialmente) uma vez por dia  numa média de 20 minutos, para não provocar o efeito contrário, criando no bebé algum stress.

A forma tradicional de aplicação é deitando a criança em cima das pernas da mãe (ou pai) percorrendo tronco, braços, pernas, face e costas. Deve ser escolhido um lugar aquecido para que não sinta frio, com ou sem música de fundo (suave). Na Índia, no verão, é feita ao ar livre.
A mãe ou o pai, deve estar também relaxada(o) e tranquila(o), de forma a poder canalizar Energia Vtal, passando-a para a criança. Essa troca é inevitável e fundamental, pois a massagem Shantala assenta sobre os canais e centros energéticos, sendo também de grande importância a colocação do bebé no corpo da mãe, o que o mantém dentro do campo aurico, criando-lhe protecção.

As manobras são suaves, lentas e repetidas várias vezes, estabelecendo sempre um contacto físico intenso entre a mão e todo o corpo e é realizada numa sequência cuja lógia conduz ao propósito para a qual existe.
A comunicação entre o bebé e a mãe, ou o pai, é feita apenas com as mãos e o olhar. O silêncio garante o sucesso desta ligação afectiva, que permitirá conhecer em profundidade o corpo da criança .Usa-se um óleo neutro (óleo de amêndoas doces, p. ex.) que deve ser aquecido para dar mais conforto, sendo escolhida uma hora do dia em que a criança não tenha fome mas também não esteja com o estômago cheio.
A massagem deverá terminar com um banho, o que permitirá ao bebé relaxar profundamente.


Os efeitos
A massagem Shantala aplicada diáriamente, equilibra todo o sistema neurológico.
Desenvolve a coordenação, flexibilidade e agilidade motora, actuando sobre os músculos e articulações;
Elimina tensões e bloqueios;
Previne e alivia cólicas intestinais;
Relaxa e facilita um sono tranquilo e profundo;
Estimula o crescimento;
Melhora a digestão;
Melhora a circulação;
Tonifica a pele.

O acto de amor associado a esta massagem , também acarreta benefícios para a auto-estima e eliminação/prevenção de traumas, aumenta a afectividade, reduz a ansiedade e fortalece o vínculo com a mãe/pai.



Vídeo de Shantala realizando a massagem no seu bebé










Nenhum comentário:

Postar um comentário